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segunda-feira, 28 de junho de 2010

Golfadas ou Vômitos?

Regurgitação (golfada) é um sintoma bastante comum, principalmente nos primeiros meses de vida, em que ocorre a eliminação de pequena quantidade de alimento ingerido (leite) pela cavidade oral. É mais comum após o bebê ter mamado, geralmente vem em pouca quantidade, não apresenta sintomas como náusea ou mal-estar e geralmente não vem acompanhado de choro.
As regurgitações são consideradas normais nos bebês e não merecem, na grande maioria dos casos, nenhum tratamento.
Já os vômitos são precedidos de náuseas, há a aliminação de quase todo o leite ingerido, podendo inclusive haver eliminação do mesmo pelas narinas, e a criança chora bastante após ter vomitado.
O vômito é sinal de doença e sempre deve servir de alerta para os pais, principalemente quando vier com uma frequência maior que dois episódios ao dia, febre e perda de peso.
Dentre as doença exteriorizadas pelo vômito, além das infecções, uma bastante comum na primeira infância é a Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE).

O que fazer para reduzir os episódios de refluxo?
  • Após a mamada, mantenha o bebê de pé, no seu colo, com o tronco elevado por, pelo menos, 30 a 40 minutos. Para ajudá-lo a arrotar, dê leves tapinhas em suas costas.
  • Eleve em 30 cm a cabeceira do berço.
  • Depois que ele mamar, evite balançá-lo.
  • Ao colocar as fraldas, não aperte muito.
  • Não ofereça alimentos ácidos, como laranja ou abacaxi.
Como Dieferenciar o refluxo fisiológico da DRGE?

Em caso de dúvidas, o melhor é buscar ajuda do pediatra! Ele, ou o gastropediatra, poderá fazer o diagnóstico e dar as orientações necessárias para o tratamento.

domingo, 27 de junho de 2010

Para os Pais Refletirem.

Em meu consultório de pediatria, sempre chegam crianças acompanhadas com suas mães e pais com alguma das seguintes queixas:
- Dr Marcelo, meu filho não come nada... Só quer comer besteiras... Não sei como fica em pé, pois come muito pouco... Até que vinha comendo direitinho, mas parou de se alimentar de uma hora para outra... Passe uma vitamina para ele comer mais...
Quando olho para as crianças, muitas vezes, observo pacientes aparentemente saudáveis, bem nutridos, bochechas coradas, espertíssimos, ou algumas vezes gordinhos!
Nestes casos, minha primeira observação para os pais e mães é a seguinte, em tom de brincadeira, lógico:
- Ou seu filho virou planta e está fazendo fotossíntese, pois só assim estaria ganhando peso normalmente sem se alimentar, ou está ingerindo a quantidade suficiente de alimentos para o seu crescimento e desenvolvimento (ou até mais que o necessário, quando vejo uma criança com sobrepeso ou obesidade evidente).
E ainda pergunto:
- Mas será que está se alimentando corretamente?
Tantas vezes escuto:
- Prá falar a verdade, doutor, ele só quer comer besteiras. É salgadinhos, biscoitos recheados, sucos de caixinhas, refrigerantes.
E aí faço a réplica:
- Beleza! Então chegamos a uma conclusão: ele não come pouco, come mal.
- E o que posso fazer, doutor?
- Bom! Ele tem carteira assinada, com salário fixo, carteira de motorista e vai sempre ao supermercado fazer as compras da casa?
- Como assim?!
- Bom, vamos lá! Quero que cheguem à conclusão de que o maior responsável pela alimentação de seus filhos são vocês mesmos. Se não põem besteiras na geladeira e despensa, não há como eles se alimentarem delas!
- Mas o que fazer, vou deixar ele morrer de fome?
- Absolutamente... Deixe à disposição frutas e sucos naturais! Imponha limites para a ingestão de guloseimas! Deixe-as para ocasiões especiais, tais como aniversários, idas ao parque ou shopping ou churrascarias. O que não pode é a excessão virar rotina.
- Eh! Acho que realmente o senhor tem razão. Me passe uma dieta!
- Melhor que isso, vamos fazer um exercício! Durante estes dois próximos meses, retire os excessos! Não comprem refrigerantes, biscoitos recheados, sucos em caixinhas, regre a ida a pizzarias e churrascarias, evitem os fast-food, os salgados, principalmente os fritos, tais como pastel, coxinha, bomba... E deixem sempre à disposição frutas e sucos naturais. Deem exemplo: comam verduras para que seu filho vejam vocês comendo verduras, proíbam que as refeições sejam realizadas em frente à TV. Uma caminhada ou uma volta de bicicleta com seus filhos todas as tardinhas faz um bem danado para eles e para vocês! E me voltem daqui a 2 meses.
E aí. Já tiveram uma conversa dessas com o pediatra de seu filho? Quem vocês acham que são os maiores responsáveis pela alimentação ruim de seus filhos?
Se mesmo assim, não conseguirem superar esta dificuldade, melhor buscarem orientação de um pediatra, de um endocrinologista ou de um nutricionista.
Sei que não é fácil, pelo contrário. Mas não adianta ser pai e mãe, tem que participar (este final de texto foi horrível, mas o que vale é a intenção).
Ops! Horrível novamente!

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Constipação Inestinal Crônica na Infância

O que é?
Constipação intestinal é um sintoma definido como a ocorrência de evacuações inferior a 3x por semana (exceto em pacientes em aleitamento materno exclusivo) ou um dos sintomas a seguir: dor à evacuação, presença de fezes endurecidas, conhecidas como cíbalos (as mães relatam que parece cocô de carneiro), sensação de esvaziamento retal incompleto.
No Brasil, estima-se que esta patologia atinja aproximadamente 25% das crianças, sendo responsável por 3% das consultas ao pediatra geral e 25% das consultas ao gastropediatra.

Causas:
Geralmente a criança tem familiares próximos também com a doença. Estão envolvidos ainda fatores alimentares, tais como ingestão de leite de vaca (alguns casos de alergia a proteína do leite de vaca pode-se exteriorizar na forma de constipação), dieta com poucas fibras (pobre em frutas e verduras) e/ou pouco líquido, fatores emocionais (ansiedade, depressão, vítimas de abuso sexual).
Sedentarismo.
Endocrinopatias: deficiências ou excessos de hormônios tireoidianos ou adrenais.
Distúrbio eletrolíticos.
Alguns medicamentos: antidepressivos, antitussígenos, analgésicos opiáceos (codeína, morfina), antiparkinsonianos, anti-hipertensivos, antiácidos contendo alumínio, preparados com cálcio.
Anormalidades anatômicas intestinais: megacólon, fissuras anais, hemorróidas, prolapso retal.

Complicações:
As principais complicações desta doença é a dor abdominal recorrente, escape fecal (calcinha ou cueca suja), distensão abdominal, vômitos, retenção urinária, deficit de crescimento, trauma psicológico e constrangimento.
 
Como se faz o diagnóstico?
Na prática pediátrica, geralmente uma boa conversa com os pais é suficiente para se chegar a uma hipótese diagnóstica muito forte, podendo-se valer ainda de Rx contrastado do intestino (enema opaco) ou mesmo manometria anorretal. Em raros casos faz-se necessários exames mais complexos, tais como biopsia intestinal, por exemplo.
Em adultos, a retossigmoidoscopia pode ser necessária, haja vista que a constipação pode estar relacionada à presença de tumores retais.
 
Como se trata?
A primeira medida a ser tomada sempre é uma tentativa de reeducação alimentar, com aumento da ingestão de fibras e líquidos e treinamento intestinal, estimulando-se que a criança vá ao vaso e tente evacuar após uma das grandes refeições diárias), mesmo que a mesma não esteja com vontade, além de se desestimular a ingestão de leite de vaca e derivados.
Caso as medidas acima não tenham o sucesso esperado, pode-se valer de algumas medicações, tais como o óleo mineral, o leite de magnésia, a lactulona.
Recentemente, chegou ao mercado formulações com fibras solúveis, com os quais tenho obtido boa resposta clínica.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Estudo Revela Relação Entre Obesidade e HAS em Crianças

Foi publicado, na edição de junho de 2010 da revista da Sociedade Brasileira de Cardiologia- SBC, um estudo realizado em Maceió-AL, que confirma o que todos os médicos já sabem, mas que os pais ainda teimam em não acreditar: "o bebê gordinho, apesar de bonitinho, nem sempre é saudável..."
Este estudo foi realizado em 1253 crianças entre 7-17 anos, onde se analisou as medidas de peso, altura, espessura da prega do tríceps, circunferência da cintura, pressão arterial, cálculo do IMC, prega cutânea do tríceps, circunferência da cintura e aferição da pressão arterial.
O resultado foi o mais óbvio possível: houve forte correlação entre a obesidade nestas crianças e o diagnóstico de hipertensão arterial sistêmica (HAS).
Além disso, constatou-se que quase 10% das crianças analisadas já apresentavam obesidade antes de entrarem na vida adulta.
Este estudo, portanto, serve como alerta para os pais!
 E a melhor maneira de se frear o crescimento da obesidade e da HAS na população pediátrica é estimular alimentação saudável, com restrição de salgados, enlatados, conservas, etc, e realização de atividades físicas, o que nem sempre é fácil se conseguir dos em nossos "pimpolhos" que estão na era digital, onde cada vez passam mais tempo em frente ao computador e videogames.

SUGESTÃO DO "PEDIATRA-PAI"

1º - Impor dietas rígidas não é a melhor estratégia (nem você, papai ou mamãe, conseguiu!).
2º - Se seu filho não é quem faz o supermercado, o maior responsável pelas porcarias que entram em sua casa é você mesmo.
3º - Sendo assim, não compre refrigerantes, salgadinho, enlatados, etc. Deixe estes alimentos reservado para ocasiões especiais.
4º - Dê exemplo! Se você não come salada, como exigir que eles comam?
5º - Evite os exageros... Pense bem! O que você acha que seu filho está exagerando na hora das refeições e o que se pode fazer de imediato para reduzir, nem que seja um pouquinho, esses exageros? Faça!
6º - Que tal se todos em casa realizarem uma caminhadinho ao final do dia?
7º - Deixe sempre disponível para eles frutas e sucos naturais. É melhor biscoito água e sal que biscoito recheado. É melhor um sanduíche natural, com pão integral, que um amburger (OBS.: a fome é o melhor tempero que existe)
8º - Prefira os presuntos light, de peito de peru ou frango. Os queijos brancos são menos calóricos que os amarelados.
9º - No final de semana, libere um pouquinho, afinal, são crianças, não soldados prisioneiros em campos de concentração!

sábado, 5 de junho de 2010

Calendário Vacinal da Sociedade Brasileira de Pediatria

Nascimento: BCG + Hepatite B
1 mês: Hepatite B *
2 meses: Tetravalente + VOP/VIP + Rotavirus + Pneumonia
3 meses: Meningite C
4 meses: Tetravalente + VOP/VIP + Rotavirus + Pneumonia
5 meses: Meningite C
6 meeses: Hepatite B + Tetravalente + VOP/VIP + Rotavirus + Pneumonia + Influenza
7 meses: Influenza **
9 meses: Febre amarela ***
12 meses: Meningite C + Tríplice Viral + Varicela + Hepatite A
15 meses: Tetravalente + VOP/VIP + Pneumonia
4-6 anos: Tríplice Bacteriana + Tríplice Viral + Varicela
9-10 anos: HPV
14-20anos: dT/dTpa

* A segunda dose da vacina para Hepatite B pode ser deixada para os 2 meses. Existe, inclusive, nas clínicas privadas, a vacina Hexavalente: Tríplice bacteriana acelular + poliomielite (com vírus inativado) + Hib + Hepatite B
** Reforços anuais
*** Reforços a cada 10 anos

Para informações mais detalhadas sobre o calendário vacinal, clique no link ao lado ou consulte o site do Ministério da Saúde: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/livro_cries_3ed.pdf

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Resfriado Comum

O resfriado comum é a doença infecto-contagiosa mais comum na infância, sendo a principal causa de consultas nos consultórios pediátricos de todo o mundo.
Apesar de geralmente ter um curso auto-limitado, benigno, afetar pacientes de todas as idades, pode causar interrupção das atividades escolares e do trabalho, pelo mal-estar geral por ele produzido.
É uma doença universal, ou seja, existe em todo o mundo, pode afetar as pessoas de qualquer idade, sexo, razão ou condição social.
As crianças apresentam, em média, 3 a 8 episódios ao ano, o que às vezes leva à impressão de que a criança não se cura nunca da gripe (queixas das mães).Mais de 200 virus podem causar infecções respiratórias, sendo os mais comuns os rinovirus, os coronavirus, o influenza, o respiratório sincicial e o adenovirus.

O quadro clínico habitual é composto por tosse, coriza, dor de garganta, espirros, mal-estar e febre. A febre, por sua vez, tem intensidade variável. A coriza, que inicialmente é clara (hialina), como o passar dos dias torna-se esverdeada ou amarelo-esverdeada, mas sem indicar, necessariamente, complicação do quadro por infecção bacteriana associada.

A duração média do resfriado é de 7 dias. Entretanto, alguns sintomas, principalmente a tosse, pode durar até 2 semanas.

Não existe tratamento específico e eficaz para o resfriado, devendo este ser restrito ao uso de sintomáticos para a febre (dipirona, paracetal, ibuprofeno, p.ex). Além disso, pode-se aliviar a obstrução nasal com o uso de soro fisiológico na temperatura ambiente, instilado nas narinas.
Medicações contendo cloreto de benzalcônio devem ser evitadas, principalmente nos asmáticos, pois podem piorar as crises de broncospasmo, além de irritar as narinas.
O uso de descongestionantes sistêmicos também devem ser evitados.
Em caso de  dor de garganta, esta pode ser aliviada mediante gargarejos de água morna com vinagre e sal.

Fonte: Tratado de Pediatria do IMIP

Opinião do "pediatra-pai":

É difícil vermos nossos filhos sofrendo os efeitos do resfriado e não fazermos absolutamente nada. Eu, particularmente, faço uso de soluções nasais a base de solução salina a 3% e, nos casos onde a obstrução nasal é mais intensa, uso descongestionantes tópicos ou corticóides nasais tópicos, pois aliviam muito a obstrução nasal e a coriza.
Frequentente também uso uma associação de anti-térmico (prefiro a dipirona ou o ibuprofeno), com corticóide e anti-histamínico, nos dias em que os sintomas estão mais intensos (3-5 dias).
Sou muito rígido quanto ao uso de antibióticos, e só os prescrevo se a febre ultrapassar os 5-7 dias e se houver queda dos estado geral do paciente. Minha primeira opção sempre é a amoxicilina. Se suspeito de pneumonia, uso do Cefaclor.
Em pacientes com crises asmáticas, a utilização de corticóide e broncodilatadores faz-se necessária.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

TV no quarto das crianças engorda e tira o sono!

A TV no quarto pode ser um dos responsáveis pelos quilinhos extras das crianças ou dos adolescentes. É o que sugere uma pesquisa da Universidade de Haya, que estudou o comportamento e os hábitos de sono e alimentação de 440 crianças com idade média de 14 anos. Além de dormirem tarde — por volta das 23h — metade dos entrevistados costuma fazer as refeições na frente da TV e pode passar até cinco horas por dia diante do aparelho. Esse costume causa irritabilidade, perda de concentração e influencia negativamente no rendimento escolar. Além disso, há riscos de as crianças adquirirem transtornos alimentares e outras doenças.
A pediatra nutróloga Virgínia Weffort, da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), ressalta que um jovem só deve ficar em frente à TV, computador ou videogame por até duas horas diárias.
— O problema não está apenas associado à TV no quarto. O aparelho na sala de jantar ou na cozinha cria na criança o hábito de se alimentar sem prestar atenção à comida. Isso não traz uma sensação de saciedade e faz com que a criança coma cada vez mais — esclarece a médica.
A SBP criou um manual de prevenção à obesidade infantil que pode ser acessado no site http://www.sbp.com.br/ . O mau hábito também pode ser responsável pela baixa ingestão de frutas e legumes e pelo distanciamento das crianças das atividades familiares.

Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria