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quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Transtorno do Déficit de Atenção ou falta de limites?

Apesar do muito que já se tem dito sobre crianças com TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com ou sem Hiperatividade) esse termo permanece gerando dúvidas em pais e professores. Afinal, como saber se a criança é apenas agitada, com poucos limites ou se é portadora desse transtorno?
No caso do TDAH, a criança apresenta primordialmente uma dificuldade generalizada para manter a atenção voluntária, ou seja, para dirigir e concentrar sua atenção naquilo que lhe é solicitado observar ou executar. Pode haver também uma atividade motora inútil, ou seja, a criança se movimenta sem objetivo claro: balança os pés, as mãos, o corpo, passa a maior parte do tempo se deslocando quando deveria estar quieta, pois não consegue se controlar. Pode ainda apresentar um grau acentuado de impulsividade, que a prejudica tanto no trato social como escolar, pois assim como responde antes do professor acabar de perguntar, pode se tornar excessivamente reativa ao meio e até agir agressivamente acabando por ter problemas sérios de relacionamento social.
São crianças e jovens que se deixam levar facilmente por suas emoções, desejos ou necessidades. Têm dificuldade para parar e pensar, antes de agir. Percebe-se ao longo do tempo, que essas crianças não conseguem deixar o modo impulsivo de adaptar-se ao meio, próprio dos primeiros seis anos de vida por um modo mais reflexivo que deve começar a surgir nessa idade, com a mediação dos processos atencionais.
A real dificuldade de selecionar estímulos, de manter a atenção sobre eles e as mudanças freqüentes do foco atencional, justificam a razão pela qual crianças portadoras de TDAH precisam de ajuda profissional para adquirir hábitos e estratégias cognitivas, que lhes permitam um desempenho escolar à altura de sua capacidade.
Como têm enorme dificuldade de encontrar uma motivação intrínseca por tarefas que não apresentem uma recompensa imediata ou que não sejam atraentes, os pais e professores freqüentemente ficam admirados com o diagnóstico, pois lhes parece estranho a criança só conseguir prestar atenção àquilo de que gosta...
Quando a questão da desatenção e da agitação excessiva pode ser controlada pelo indivíduo ou pelo meio, de modo eficaz, ao longo de várias horas e em diferentes situações, dificilmente se trata de uma criança ou um jovem com TDAH.
É importante saber ainda que, embora a hipercinesia tenda a diminuir com a idade, sabe-se que adolescentes com TDAH são mais adeptos a esportes radicais, a enfrentar aventuras e perigos do que seus iguais e, quando adultos, essa hiperatividade e impulsividade torna-se mais subjetiva, ou seja, conseguem ter uma atividade física menos exuberante, mas dedicam-se via de regra a estar sempre fazendo alguma coisa ou até mesmo fazendo várias coisas ao mesmo tempo.

Por Maria Irene Maluf
Pedagoga especialista em Psicopedagogia
Presidente Nacional da ABPp - Associação Brasileira de Psicopedagogia

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Confira linha do tempo da comida

Da caça ao fast-food, muito mudou na maneira como nos alimentamos. Galileu preparou um histórico das principais alterações no modo como nos relacionamos com os alimentos desde a pré-história. Confira:

* Neolítico

Primeira grande mudança na alimentação. Passagem do homem caçador para o agricultor.

* 5400 AC - Pérsia (Irã)
Surge o vinho. A prova: vestígios de ácido tartárico encontrado em vasos da época. Os persas conheciam também o sorvete, por exemplo.

* 4000 AC
Os chineses já cultivavam laranjas.

* Até 2 DC - Império Romano
As pessoas comiam deitadas em camas dispostas num ambiente chamado Triclinium. A base do tempero era o garum, um fermentado de vísceras de peixe que valia mais que o ouro. Ainda hoje se come garum, mas apenas no Vietnã. O primeiro livro de cozinha, Apicius, é com receitas dessa época.

* Alta Idade Média (século 5 a 11)
Feudalismo, era de força, guerras. Comia-se muita carne e o bacana era ser gordo.

* Século 8
Os muçulmanos trazem do Oriente para a Europa as laranjas, gado, café, arroz e a cana-de-açúcar, que estimularia grandes expedições pelo mundo.

* Século 10
O Império Bizantino inventa a toalha de mesa, os talheres e a mesa para as refeições. Antes disso, a maioria das refeições era feita deitada (Imp. Romano) ou sentada no chão (muçulmanos).

* Século 13 - Europa (sobretudo península Ibérica)
Durante a Inquisição, uma das maneiras mais simples de se identificar famílias judias (ou cristãos novos) era verificar o que comiam, já que as diferenças étnicas são poucas. Porco, animais que tenham casco bipartido e crustáceos fazem parte da lista de tabus alimentares dos judeus, assim como o pão feito com levedura. Nesse período, o pão ázimo praticamente desaparece da Europa. Além disso, todas as diásporas foram importantes para espalhar pelo mundo produtos judaicos: o cordeiro como carne básica, a amêndoa como base para doces, o azeite de oliva. A cozinha judaica sempre foi uma culinária de fusão entre a mediterrânea, árabe e ibérica.

* Século 15
Chegada dos produtos americanos na Europa e dos europeus na América. Introdução de cana-de- açúcar, café, laranja e gado (trazidos do oriente para Europa pelos muçulmanos). Da América para a Europa foram feijões, batatas, tomate, pimentão, cacau.
Curiosidade: batata era comida de porco, só passou a ser consumida por gente no século 18. Muito de sua implantação se deve a Parmentier, o francês que até hoje batiza um conhecido prato feito com... batata.

* Séculos 15, 16 – Itália
Cozinha italiana fica forte, junto com o Renascimento. Banquetes fartíssimos, comida barroca, vários temperos misturados. Curiosidade: uma coisa que eles faziam bastante era rechear um porco com um pavão, que por sua vez estava recheado por um frango, que por sua vez vinha com uma perdiz dentro. Uma matrioska da gula.

* Século 17 – França
Hegemonia da cozinha francesa (dura até hoje). Não só a comida, como a “art de table” francesa, os modos. Começou com Luís XIV. Depuração do gosto.

* Século 19
Invenção do Hambúrguer nos Estados Unidos – 1885
Invenção da Coca-Cola - 1886

* Anos 1910 – França
Surge o primeiro guia de restaurantes/viagens, o Michelin (o senhor fabricava pneus, portanto tinha que fazer com que as pessoas gastassem seus pneus, assim resolveu lançar um guia de viagens). É o mesmo Michelin que até hoje manda na gastronomia mundial.

* Anos 50
A moda das lanchonetes americanas, fast food

* Décadas de 70/80 - França
Nouvelle Cuisine
Porções mínimas, pouco cozimento, poucos molhos, o alimento com o sabor natural dele. Pratos bonitos e elaborados. Coincide com a época do culto ao corpo. Condimentos praticamente reduzidos ao sal
Globalização do gosto – temperos vindos do mundo inteiro se misturando.

* Anos 90 - Catalunha
Revolução catalã, comandada por Ferran Adrià. A cozinha como laboratório. Cozinha molecular (tecno emocional).
 
Fonte: http://revistagalileu.globo.com/

domingo, 8 de agosto de 2010

Quando o Xixi na Cama Vira Doença

Esse incômodo de acordar com a cama molhada é comum na infância já que o mecanismo urinário da criança até os cinco anos de idade está amadurecendo. O problema é quando a criança fica mais velha e continua encharcando o lençol.
Após os cinco anos, esse problema passa a ser uma doença chamada enurese noturna, quando a criança faz xixi na cama enquanto dorme. A enurese diurna existe, mas é mais difícil de acontecer. Normalmente ocorre quando a criança segura o xixi para continuar brincando ou tem alguma alteração na bexiga.
Essa doença afeta a auto-estima. E muitas vezes essas crianças são agredidas ou recebem castigos por terem feito xixi na cama. As atividades sociais como dormir na casa de um amiguinho são limitadas e as crianças acabam ficando tímidas por causa da doença.
Cerca de 15% das crianças chegam a ter a enurese noturna. É uma doença que precisa ser tratada por um especialista e, ao contrário do que muitos adultos pensam, não é manha nem uma forma de chamar a atenção.
Se um dos pais teve enurese quando criança, a chance do seu filho vir a apresentar o mesmo problema é de 44%. Já se pai e mãe apresentaram enurese na infância, a chance aumenta para 75%.
As causas são diversas como problemas hormonais, alterações anatômicas, problemas na bexiga, alterações neurológicas, musculares, infecciosas ou psicológicas.
Meninos sofrem mais - A enurese noturna acomete mais meninos do que meninas. Para cada menina, três meninos apresentam a doença. Novas técnicas de motivação estão sendo usadas para curar mais da metade das crianças com enurese noturna.
A primeira mudança na vida das crianças é em relação à alimentação. Alimentos que irritam a bexiga ou causam prisão de ventre devem ser evitados, como chocolate, café, refrigerante de cola e laranja.
A ingestão de líquidos também deve ser controlada nas horas que antecedem o sono. Há um hormônio antidiurético produzido por uma glândula do cérebro, a hipófise, que atua nos rins diminuindo a produção de urina durante a noite e grande parte das crianças com enurese sofre com a deficiência desse hormônio.
Exercício para segurar o pipi - Outro passo é conscientizar a criança de todo o processo urinário e orientar alguns exercícios para que ela tente aumentar o controle sobre a vontade de fazer xixi.
Uma motivação descontraída é toda vez que a criança acordar e perceber que não fez xixi na cama, ela marcará num diário com carinhas felizes ou estrelinhas e a cada etapa vencida, lembranças são dadas para a criança melhorar a auto-estima. Só não vai exagerar nos presentes.
A enurese pode melhorar espontaneamente, mas há casos que se prolongam até a idade adulta. O quanto antes a doença for diagnosticada e tratada, menor será o impacto na vida da criança.

Dicas

Faça seu filho beber muita água de uma só vez para o cérebro da criança começar a lidar com a sensação de bexiga cheia.
Não brigue ou castigue a criança, ela precisa ser tratada. Nenhuma criança faz xixi na cama porque quer.
Às vezes, a criança que já não fazia xixi na cama volta a fazer devido a alguma mudança como a chegada de um irmãozinho ou separação dos pais. O emocional fica perturbado. Neste caso, dê um pouco mais de atenção ao pequeno e não o reprima por ter molhado a cama.

Bruno Rodrigues

domingo, 1 de agosto de 2010

10 Perguntas Sobre a Palmada

Se você acha que um tapa no seu filho vai fazer com que ele aprenda sobre limites e respeito, mude de atitude já! A seguir, veja respostas para as dúvidas mais comuns sobre o assunto e, ainda, opções que vão além da palmada para impor limites mesmo nos momentos mais difíceis.


1 - O tapinha carinhoso deve ser considerado agressão?

O contato físico entre filhos e pais é fundamental. Nesse caso, você deve ter bom senso e analisar a situação. O tapa representa uma violência, a criança sente dor. Se esse for o caso, o tapa deve ser considerado uma agressão. Do contrário, se o contato faz parte de uma brincadeira, é leve e não incomoda, tudo bem. Mas o tapa pode ser um gesto mandatório e nem sempre os adultos percebem a força exercida. Na dúvida, não faça.

2 - O que a criança sente quando está apanhando?

Depende da idade. De um modo geral, a criança se sente agredida e não consegue relacionar o motivo da violência ao que fez para provocar aquilo. Ele sente medo e isso pode gerar traumas, afinal, ela está apanhando por um motivo não compreendido.

3 - Como a palmada se forma na memória do adulto?

Ninguém tem lembranças boas de um tapa. Mas como ele vai ser registrado na memória definitiva, varia de acordo com o vínculo afetivo estabelecido com os pais.

4 – Nesse caso, a palmada pode se transformar em algo aceitável, ou seja, um valor da família?

Sim. Antigamente, a palmada era usada como instrumento de educação de forma habitual. Dessa forma, o adulto pode entender que só é possível educar dessa forma, transmitindo os valores de violência e agressão para futuras gerações.

5 - Na minha casa, fui criado à base de palmada e hoje não tenho traumas. Por que, então, ela pode ser prejudicial ao meu filho?

Se você pensar dessa forma, deve voltar a assistir TV em preto e branco, andar com carros antigos, usar as roupas fora de moda. O mundo evoluiu em todos os sentidos, principalmente na forma de educar, que é a base da sociedade. Além disso, é impossível prever como um tapa será recebido por uma pessoa. Há quem seja mais tolerante e outros que sofram mais. Quem vai querer pagar para ver se isso causará problemas no filho, se existem outras maneiras de educar?

6 - Por que bater não educa?

Quando o adulto bate no filho, ele está reconhecendo que ficou impotente diante da atitude da criança. Mostra claramente que perdeu o controle de si mesmo e a agressão passa a ser a única maneira de manter a autoridade. A força física de um adulto é maior e se amplia nos momentos de raiva. Testar os limites dos pais é um comportamento típico que faz parte do aprendizado da convivência em família. Embora não seja fácil, os adultos devem lidar com as manhas com carinho e desenvolver a capacidade de dialogar e explicar as coisas para a criança sem violência. Afinal, ela é capaz de entender mais do que se imagina. Além disso, depois de bater muitos pais se arrependem. Essa atitude contraditória não é positiva para a criança.

7 - Quais são as consequências da palmada para vida da criança?

Em primeiro lugar, a criança primeiro não entende por que está apanhando. Pode sentir raiva do adulto e aprender que a força é um meio aceitável de conseguir o que quer. Além disso, para descontar o tapa que levou dos pais, vai bater nos amiguinhos. O adulto não tem moral para dizer que isso é errado, as referências da criança ficam, portanto, confusas. Para piorar, após a agressão, ela vai remoer coisas antigas, trazer à tona mágoas de quem o agrediu e até mesmo querer se afastar do agressor.

8 – Ela pode, ainda, ter outros problemas no futuro?

Sim. A criança que apanha também pode ter dificuldades para respeitar autoridades e receber ordens, já que era controlada pela força física. Ela obedecia para não apanhar ou somente depois de levar uns tapas. Assim, na ausência do castigo físico, perde as referências de até onde pode ir.

9 - Como agir em situações em que as crianças tiram os pais do sério ou ultrapassam limites, como birras e escândalos em lugares públicos?

A questão é colocar os limites claramente para as crianças antes, conhecer bem os seus filhos. Tapas não são capazes de corrigir as falhas na educação. O diálogo, a explicação de que aquilo não é certo, com carinho, é mais eficiente. Pois, dessa forma, a criança compreende melhor. O tapa só vai estancar uma ação que provavelmente irá se repetir.

10 – Em vez de bater, tem problema gritar com a criança?

Sim. Substituir os tapas por gritos também não adianta. É um tipo de agressão verbal, por isso, tem praticamente o mesmo efeito da violência física.

Fonte: Kátia Teixeira, psicóloga da clínica EDAC (SP), Cacilda Paranhos, especialista contra a violência infantil do Laboratório de Estudos da Criança (Lacri), do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP)

10 passos para lidar com a birra da criança. E não perder a classe

1. Por pior que seja o “espetáculo”, NUNCA, JAMAIS, em tempo algum bata no seu filho.

2. Antes de sair, previna-se de possíveis contratempos. Se vai ao supermercado, fale que a criança tem direito a escolher dois doces, por exemplo.

3. Não ceda às manipulações. Mostrar que birras não dão resultado é um jeito de desestimulá-la a repetir a cena.

4. Avise seu filho que só conversará com ele depois que ele se acalmar (e você também...).

5. Se precisar dar uma bronca na criança, espere ela terminar de espernear e explique por que está sendo punida. É importante que ela entenda o que fez de errado e, para isso, precisa estar tranqüila para conseguir ouvir o que você tem a dizer.

6. Não brigue com seu filho na frente de todo mundo; isso o fará se sentir humilhado.

7. Desvie o foco da criança. Mostre um objeto diferente, o cachorrinho passando na rua, o avião lá no céu... Use a criatividade!

8. Algumas vezes, por trás da birra existe uma criança com fome, sono ou carente. Se for esse o caso, responda pacientemente e faça um carinho. Às vezes, é só disso que ela precisa.

9. Simplesmente ignorar a birra também pode dar bons resultados. Respire fundo.

10. Se não tiver como conter o show no meio da loja, simplesmente pegue seu filho no colo e vá embora. Sem escândalos. Ele vai perceber que não adiantou nada e você evita o constrangimento.

Por que as palmadas não educam

Para a Cacilda Paranhos, Educadora e Especialista Contra Violência Infantil do Laboratório de Estudos da Criança (Lacri), do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP), uma palmada só vai parar instantaneamente uma malcriação, que pode se repetir depois. "É comum que a criança teste até onde pode ir. Se ela associa o seu limite com o apanhar, vai provocar e seguir fazendo o que os pais não querem até que eles batam nela em vez de não fazer ou parar de fazer as coisas por saber que não deve . Mais grave ainda é a criança reproduzir o ato, bater em um amigo ou irmão acreditando que só por meio da agressão é que se consegue sucesso."

Fonte: Revista CRESCER (http://revistacrescer.globo.com/)