Páginas

domingo, 17 de julho de 2011

Recomendações da AAP Sobre o Manejo da Deficiência de Ferro.

A Associação Americana de Pediatria divulgou um relatório clínico, com diretrizes para a ingestão de ferro em lactentes e crianças e para melhorar os métodos de triagem.

O relatório clínico, intitulado Diagnóstico e Prevenção da deficiência de ferro e anemia ferropriva em lactentes e crianças pequenas (0-3 anos de idade), foi publicado online em 05 de outubro de 2010 no Pediatrics.
Deficiência de ferro pode ter efeitos irreversíveis a longo prazo no desenvolvimento cognitivo e comportamental de uma criança. No momento em que a criança já desenvolve a anemia ferropriva, pode ser tarde demais para evitar problemas futuros. "(...) No momento em que a anemia ferropriva já está instalada, se tem uma deficiência de ferro por um longo tempo", disse Frank Greer, MD, professor de pediatria da University of Wisconsin School of Medicine e Saúde Pública, em Madison, e um co-autor do relatório.
Segundo o relatório da AAP, as crianças dever tem sua hemoglobina verificada entre os 9 e 12 meses de idade, e novamente entre 15 e 18 meses de idade.
(...)
Suplementos de ferro líquido ou vitaminas podem ser usados, mas há um risco de sobrecarga de ferro em algumas populações, de acordo com Michael K. Georgiev, MD, professor de pediatria e psicologia infantil e diretor do Centro para o Desenvolvimento Neurocomportamentais da Universidade de Minnesota, em Minneapolis.
"Desde que não se faça a suplementação universal, precisamos identificar as crianças que estão em risco de deficiência de ferro e começar a segmentação-los", disse Georgiev, que estuda os efeitos do desenvolvimento neurológico de deficiência de ferro em crianças.
O relatório AAP também identifica diversos fatores associados à deficiência de ferro e anemia ferropriva, incluindo prematuridade ou baixo peso ao nascer, a exposição ao chumbo, a amamentação exclusiva nos últimos 4 meses de idade sem suplementos de ferro (...). Crianças com necessidades especiais de saúde também podem estar em risco. Crianças de condição econômica desfavorável, são também motivo de preocupação, de acordo com o relatório, que recomenda uma análise selectiva para estes indivíduos.
As diretrizes também abordam meios para prevenir a deficiência de ferro através de uma dieta de alimentos naturalmente ricos em ferro, como carnes, mariscos, legumes ricos em ferro, frutas e legumes, e cereais enriquecidos com ferro. Frutas ricas em vitamina C ajudam na absorção de ferro. Algumas crianças podem necessitar de suplementos de ferro líquido ou vitaminas mastigáveis ​​para obter ferro suficiente.

A AAP recomenda quantidades variáveis ​​de ferro com base na idade de uma criança:
• Crianças saudáveis ​​têm ferro suficiente para os primeiros 4 meses de vida. Uma vez que o leite materno contém muito pouco ferro, lactentes devem ser suplementadas com 1 mg/kg por dia de ferro por via oral de 4 meses de idade até que os alimentos ricos em ferro (como cereais enriquecidos com ferro) sejam introduzidos.
• Crianças alimentadas com fórmulas de partidas ou de seguimento enriquecidos com ferro não necessitam desta suplementação.
• Crianças 6 a 12 meses de idade precisam de 11 mg/dia de ferro. Quando introduzida a alimentação complementar deve-se focar na ingestão de alimentos com teores elevados de ferro, tais como carne vermelha e vegetais, os quais devem sem introduzidos precocemente. Suplementos de ferro líquido pode ser usado se as necessidades de ferro não são atendidas pela alimantação complementar.
• Crianças 1-3 anos de idade precisam de 7 mg por dia de ferro. O ideal é que esse teor de ferro venha dos alimentos tais como carnes vermelhas, ricas em ferro vegetais, e frutas com vitamina C, que aumentam a absorção de ferro. Suplementos líquidos e multivitaminas também pode ser usado.
• Todos os prematuros devem ter pelo menos 2 mg/kg de ferro por dia até 12 meses de idade, que é a quantidade de ferro em fórmulas enriquecidas com ferro. Prematuros alimentados com leite humano deve receber um suplemento de ferro de 2mg/kg por dia.

Uma alimentação com alta biodisponibilidade de ferro deve ser diversificada, com quantidades moderadas de carne, ave, peixe e alimentos ricos em vitamina C. Para a alimentação das crianças segue algumas orientações:

•Ofereça, após as principais refeições, suco de frutas cítricas como laranja, acerola, morango, goiaba, kiwi;
•Adicione as verduras verde-escura às preparações cozidas, como por exemplo brócolis cozido no arroz, couve cozida, espinafre;
•Prepare vísceras ou miúdos ao menos uma vez por semana, como coração ou fígado de galinha cozido, tirinhas de fígado bovino acebolado. Outra forma de preparar o fígado bovino é como patê, as crianças adoram.
•Evite sobremesas a base de leite, como sorvete, pudins, creme de leite. Prefira as frutas cítricas.
•Utilize farinhas, biscoitos e outros alimentos fortificados ou suplementados com ferro.
•Não substitua refeições salgadas por alimentos lácteos, biscoitos ou guloseimas.


O Uso Prolongado de Telefones Celulares Pode Provovar Câncer?

Recentemente, "caiu" na mídia televisiva a notícia BOMBÁSTICA que o uso do telefone celular pode provocar câncer cerebral. E por algumas vezes fui abordado pelos pais de meus pacientes a respeito do assunto.
Sendo assim, fiz um estudo sobre as recentes notícias vinculadas na mídia e no site médico MEDSCAPE, que costumo ler com muita frequência, e encontrei esta reportagem que julgo tirar as dúvidas de pais e médicos a respeito do assunto.
Can Cell Phones Really Cause Brain Cancer?

John M. Maris, MD
Professor of Pediatrics, University of Pennsylvania; Chief, Division of Oncology, Director, Center for Childhood Cancer Research, The Children’s Hospital of Philadelphia, Philadelphia, Pennsylvania



Olá. Meu nome é John Maris, e eu sou Chefe da Divisão de Oncologia do Hospital Infantil de Filadélfia (CHOP). Hoje eu gostaria de falar com você sobre um relatório recente (da OMS) sobre os telefones celulares e o potencial carcinogênico dos mesmos.

Este (relatório) tem recebido a atenção da imprensa (...). O que eu quero dizer é: Não há nada para se preocupar. Como um pesquisador de câncer e alguém que passa muito tempo pensando sobre o que pode causar câncer, aplaudo a Organização Mundial de Saúde por emitir este relatório e pedir mais informações e dados sobre o assunto.
Eu acho que a maneira pela qual que foi vinculado na mídia - que os telefones celulares podem causar câncer ou que existe uma preocupação entre os especialistas que os telefones celulares causam câncer - é exagerado. O que eu realmente quero levar para a população em geral é que não há nada para se preocupar.
Quando pensamos sobre o que causa o câncer, uma das primeiras perguntas que precisamos nos perguntar é: é plausível? (...)
Telefones celulares são usados ​​muito comumente hoje em dia, e sendo assim, há uma preocupação de que a incidência de câncer pode estar aumentando em seus usuários, por isso é natural pensar que estes dispositivos dos quais nós tanto gastamos muito tempo possa ter um efeito nocivo.
Por um longo tempo, as pessoas pensavam que os cigarros não fossem prejudiciais e, apesar de alguma preocupação crescente por um longo tempo, as pessoas negavam isso. Assim, os telefones celulares são semelhantes ao cigarro ou ao tabaco? A resposta é não. Fumar provoca irritação, que tem um efeito cancerígeno, e não há uma explicação biologicamente plausível para que isso também ocorra com o uso deos aparelhos de celular.
Ondas de rádio que vêm de um telefone celular são de baixa energia. Várias pesquisas têm mostrado a energia desprendida pelos aparelhos celulares é um milhão de vezes menor, literalmente, um milhão de vezes menor do que a energia que é necessária para provocar danos materiais ao DNA, causando mutação e câncer. (...).
Poderia haver outra razão?
(...) tem havido dezenas e dezenas de estudos in vitro, em modelos animais, e - mais importante - de seres humanos que refutam essa hipótese.
A Organização Mundial de Saúde avaliou um estudo muito, muito grande que olhou para milhares e milhares de usuários de telefone celular. Havia a incapacidade de dizer definitivamente que estes dispositivos não foram associados com o câncer neste grupo muito grande de pacientes, porque é uma coisa complicada de se estudar e além disso este estudo se baseou em entrevistas de telefone e não numa observações real.
A Organização Mundial da Saúde divulgou um comunicado de advertência para dizer que nós só precisamos de mais informações. Isso não significa que os telefones celulares causam cãncer. Não há nada científico ainda que suporte a orientação da necessidade de mudança do comortamento quanto ao uso do aparelho de celular, e eu aplaudo o esforço para obter mais dados. Por enquanto não temos nada com o que nos preocupar.

Obrigado pela sua atenção.

Tradução: Dr Marcelo Madeira P Silva
Fonte: http://www.medscape.com/viewarticle/743916

sexta-feira, 8 de julho de 2011

QUESTÕES MAIS FREQUENTES DE PAIS DOS RECÉM-NASCIDOS

1. Como posso saber qual vai ser a cor definitiva dos olhos?

Se o recém-nascido é moreno e tem olhos castanhos, essa vai ser a cor defi nitiva, mas se o recém-nascido é clarinho e tem olhos azuis...pode mudar. Observe nos primeiros 6 meses. Se a cor vai escurecendo e perdendo o brilho, eles se tornarão castanhos (no máximo até o 1º aniversário), mas se eles continuarem azuis aos 6 meses de idade vão permanecer assim o resto da vida.

2. Eu observei uma mancha vermelha de sangue no branco dos olhos (pode ser um só ou os dois olhos); isso é perigoso?
Não. É causada pela pressão exercida durante o trabalho de parto e desaparece espontaneamente em poucos dias.

3. As costas e o ombro do bebê estão cobertos por pelos finos, por que?
Isso se chama lanugem; é produzida no fi nal da gravidez e cai logo ou, no máximo, em algumas semanas.

4. O que são aquelas manchas vermelhas conhecidas como a “picada da cegonha”?
São marcas de nascimento (hemangiomas) localizadas na raiz (acima) do nariz, na parte inferior central da testa, atrás da cabeça (occipital) e nuca. Desaparecem em meses ou 1 ano. Observe que essas manchas têm disposição central; as manchas laterais como as manchas cor de vinho situadas na face (bochechas) e pálpebras podem constituir problema permanente.

5. O que é mancha mongólica?
Áreas planas, amplas, escuras (azuladas) que parecem uma batida, geralmente nas costas ou nádegas. São frequentes e mais comuns em crianças de pele escura ou amarela. Começam a desaparecer depois do 1º aniversário e desaparecem totalmente na idade escolar.

6. Meu recém-nascido parece estar com ‘cravinhos”; isso é possível?
Sim. É o que chama “milium”. Aparecem na ponta do nariz e no queixo e são causados pela secreção de sebo por glândulas da pele. Desaparecem em 2 ou 3 semanas.
 
7. As mamas do bebê estão inchadas e às vezes até sai um pouco de leite (que o povo chama “leite de bruxa”). Devo apertar?
Nunca. Isso é devido a hormônios que passam da mãe para o recém-nascido e desaparece em 1 semana.  Se você tentar apertar pode infeccionar e formar um abscesso.

8. O cordão umbilical caiu e ficou uma bolinha dura no umbigo...
É o granuloma umbilical. Seu pediatra pode orientá-la para cauterizar com nitrato de prata. Às vezes, após a queda do cordão umbilical, ocorrem pequenos sangramentos que mancham as fraldas. Nada a temer.

9. O que é aquela secreção constante nos olhos do recém-nascido?
Podem ser irritação do nitrato de prata que é pingado nos olhos logo após o nascimento ou um certo entupimento do canal lacrimal. Limpe com água limpa e é interessante pingar algumas gotas de leite materno.

10. O bebê está espirrando; isso é resfriado?
Não. É um refl uxo normal tal como são normais os soluços e um pouco de regurgitação.

11. Recém-nascido que chora muito, quase o tempo todo – é provocado por cólicas?
Nas 2 primeiras semanas de vida, certamente não. Controle o peso para verifi car se não é fome.

12. A urina parece estar com sangue...
A fralda manchada de vermelho ou alaranjada pela urina é normal. São sais de urato que dão essa cor.

13. Quando devo levar o recém-nascido ao pediatra?
Dentro de 1 semana após a saída da maternidade. O pediatra fará o exame geral, verifi cará os refl exos, vai conferir a pega da mama, o crescimento (aumento de peso). Em caso de dúvida, especialmente em relação à amamentação, retornos em curto prazo (3 a 5 ou 7 dias) são necessários no primeiro mês de vida.

14. Febre é perigoso no recém-nascido?
Sim, é um sinal de alarme porque pode expressar doenças graves incluindo meningite, infecção urinária ou pneumonia. Leve de imediato ao pediatra.

15. O bebê apresenta um estufamento (bola cheia de ar) no umbigo e que aumenta quando ele chora...
É a hérnia umbilical. Não é perigosa nem dolorida e desaparece, na maioria dos casos, após o 1º aniversário.

16. Um testículo parece bem maior (como se estivesse inchado) do que o outro...
Trata-se de hidrocele, um acúmulo de líquido em volta do testículo. Vai desaparecer lentamente. Se, no entanto, o inchaço do testículo aparece de repente ou aumenta com o choro, leve ao pediatra.

17. O recém-nascido enxerga?
Sim, ele consegue focalizar um ponto no centro de seu campo de visão, situado a 20 a 45cm na frente dele. É a posição em que ele enxerga o rosto da mãe enquanto mama o peito. Estimule a visão com móbiles e cartões com quadrados ou faixas brancos e pretos, ou com caretas simples ou ainda com cores fortemente contrastadas (vermelho, verde, amarelo). Um leve estrabismo (cruzamento dos olhos) ocasional é normal. Com 1 mês, o bebê começa a acompanhar com a cabeça os movimentos dos objetos.

18. O recém-nascido escuta?
Sim. Durante o primeiro mês o bebê presta atenção às vezes, especialmente quando se fala naquele tom de “voz para bebê”. Ruídos fortes não fazem bem e devem ser evitados. Caixinha de músicas e discos com música suave (principalmente de Mozart) são  úteis bem como brinquedos padronizados e coloridos que fazem sons suaves. Com 1 mês, o bebê se volta para o lado de sons e vozes familiares.

19. O recém-nascido sente frio?
O recém-nascido perde calor com mais facilidade do que a criança maior. Por isso ele precisa ser um pouco mais agasalhado. Três camadas fi nas de roupa (underwear: camiseta + macacãozinho + xale) dão uma boa proteção. Se as mãos e pés estiverem frios o bebê parecer desconfortável, agasalhar um pouco mais; o contrário se estiver com extremidades quentes e suando.

Fonte: Edição Especial - Temas em Pediatria - Consulta Pediátrica no Primeiro Ano de Vida.
http://www.nestle.com.br/nutricaoinfantil/downloads/publicacoesCientificas/temapediatria/Temas_Especial.pdf

domingo, 3 de julho de 2011

Dislexia

Albert Einstein se destacou na ciência, Leonardo da Vinci nas artes, Winston Churchill na política, John Lennon na música, Henry Ford nos negócios. Além de geniais e famosas, todas essas personalidades eram disléxicas. Mesmo assim, sobressaíram naquilo que mais gostavam de fazer.

Problema que atinge de 10% a 15% da população mundial, a dislexia é diagnosticada, principalmente, no sexo masculino. Originária do grego, a palavra designa a dificuldade na linguagem. Com o tempo, as pesquisas mostraram que o distúrbio se estende para a leitura, escrita, interpretação e matemática.
A explicação para o problema é mais complexa do que se imagina. Não se trata simplesmente da dificuldade de soletrar palavras ou assimilar o conteúdo de um texto. Como em qualquer ação, os atos de ler e escrever percorrem vários caminhos no cérebro. Estímulos, como o visual e o auditivo, seguem vias preestabelecidas. Entretanto, no disléxico não é isso o que ocorre. O percurso no cérebro sofre desvios e acaba por resultar nas dificuldades.
Não é só o grupo que exclui a criança. Muitas vezes, ela própria se afasta por ter a auto-estima comprometida
Até pouco tempo atrás, essa falta de facilidade em aprender tarefas simples para a maioria das pessoas era vista como incapacidade e os disléxicos, por sua vez, eram segregados pelos colegas e professores desavisados. “Não é só o grupo que exclui a criança. Muitas vezes, ela própria se afasta por ter a auto-estima comprometida”, avalia Abram Topczewski, neuropediatra do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE), vice-presidente da Associação Brasileira de Dislexia e autor do livro Aprendizado e Suas Desabilidades – Como Lidar? (Casa do Psicólogo).

Depois dos 8 anos

É claro que não se exige que uma criança com 3 anos saiba efetuar contas ou escrever textos. Pais e professores devem estar atentos ao período pós-alfabetização, entre 8 e 10 anos. O fato de a criança nessa idade ainda manter uma leitura lenta e difícil, como se estivesse aprendendo as letras (algo que ocorre entre 5 e 7 anos), é um sinal de alerta.
Falhas em estabelecer a relação do som com o símbolo, como na troca das letras “D” e “T”, e na discriminação visual, ou seja, inversões de letras como “sapato” e “satapo”, são dificuldades enfrentadas durante o aprendizado da criança com dislexia.
Há também alguns embaraços nos cálculos matemáticos, como inversão de números, confusão com os símbolos, por exemplo, x e +. E, se a criança for bastante hábil em contas, ainda pode encontrar pedras no caminho, pois não consegue interpretar os enunciados dos problemas.
O disléxico é capaz de estudar quando lê em voz alta ou escreve junto, por exemplo. Há atores que memorizam suas falas depois que gravam o texto e passam a ouvi-lo até decorar
Os adolescentes também enfrentam obstáculos, principalmente às vésperas do tão temido vestibular. Não conseguem memorizar as matérias e continuam com as dificuldades de interpretação e cálculos. Na vida adulta cada um já está munido de alguma estratégia para não ficar para trás.
Embora não tenha cura, a pessoa aprendeu a conviver com o distúrbio e criou atalhos para desenvolver e finalizar as atividades. “O disléxico é capaz de estudar quando lê em voz alta ou escreve junto, por exemplo. Há atores que memorizam suas falas depois que gravam o texto e passam a ouvi-lo até decorar”, explica o dr. Topczewski.
Mesmo que cada um consiga dispor de artifícios para desempenhar as tarefas com sucesso, é aconselhável que a dislexia seja diagnosticada o mais cedo possível. Para isso, o paciente é submetido à avaliação em que diversos especialistas analisam seu histórico e sintomas por meio de testes. O resultado é por exclusão. Isto é, se todos os prováveis distúrbios forem descartados, só pode ser dislexia. Ainda é preciso fazer o levantamento de problemas associados, como depressão, ansiedade, déficit de atenção, entre outros, para saber se é necessário o uso de medicamentos.

Passos para viver bem

Conviver com essas dificuldades mal interpretadas por familiares e amigos derruba a auto-estima, deprime, entristece, faz o portador do distúrbio se sentir diferente. Mesmo que não exista uma forma de acabar com a doença, há o tratamento multidisciplinar para amenizar os problemas encontrados no dia-a-dia. Esse acompanhamento médico, realizado por neuropediatras ou neurologistas, fonoaudiólogos, psicólogos e pedagogos, é essencial.
Há melhora na atenção, na concentração, no comportamento. “Como consequência, o rendimento na escola ou no trabalho evolui e a pessoa nota seu sucesso e sua capacidade”, diz o médico. Se alguém tem dúvidas da capacidade de um disléxico se destacar, Einstein, da Vinci e tantas outros notáveis comprovam que tudo é possível.
 

Bruxismo

Quem nunca acordou com dores na mandíbula ao abrir e fechar a boca ou começou a perceber que seus dentes estavam com pequenas rachaduras. E tudo isso sem causa aparente?
E quem nunca se viu pensativo ou mesmo preocupado e começou, de forma involuntária, a apertar de tal forma os dentes que fez mexer os músculos da mandíbula tão forte, e só parou quando começou a sentir dor?
O nome disso é bruxismo, um transtorno do sono encontrado em boa parte da população e que pode estar associado a períodos de estresse ou a traços de personalidade.
Apesar de ser mais frequente durante o sono, também pode ocorrer durante a vigília, geralmente relacionado à tensão do dia a dia. Existe também o bruxismo fisiológico, um problema comum e que desaparece com o tempo. "Porém, se torna preocupante quando começa a afetar a qualidade de vida da pessoa", explica o neurologista do Einstein, Dr. Leonardo Goulart.

Quem pode ter bruxismo?

Até 20% da população têm bruxismo do sono pelo menos duas vezes por semana. E este distúrbio está presente muito mais em crianças do que em adultos (de 10% a 20% das crianças; 8% dos adultos; e 3% dos idosos são acometidos por este mal), contudo não podemos falar em predominância relacionada ao gênero.
Algumas doenças, como Parkinson, paralisia cerebral, AVC, ou outros distúrbios do sono, como a apneia, também podem ter o bruxismo como um sintoma associado. Além disso, alguns medicamentos podem provocar este transtorno involuntário e inconsciente de movimento, que é caracterizado pelo excessivo apertar e ranger de dentes durante o sono.

Fatores que incomodam

São várias as consequências físicas que uma pessoa com bruxismo frequente pode ter, entre elas estão desgaste anormal dos dentes; desconforto, fadiga e dor na musculatura ao abrir e fechar a boca; limitação da abertura da boca; hipertrofia do masseter (músculo da mastigação); ferimentos na língua; e até doenças periodontais. Pessoas que sofrem deste mal, geralmente, acordam com dores de cabeça, hipersensibilidade nos dentes, sonolência excessiva e até mesmo fadiga.

Como diagnosticar?

"O diagnóstico geralmente é feito depois que surgem algumas complicações. Para tanto, é necessária uma avaliação com especialista em medicina do sono e, muitas vezes, uma polissonografia – ou exame do sono – com monitorização da musculatura mastigatória", avisa o neurologista.

Formas de tratamento

Dependendo das causas do bruxismo e dos tipos de problemas que afetam a qualidade de vida do indivíduo, várias formas de tratamento podem ser combinadas para que este distúrbio cesse ou seja pelo menos amenizado.
Algumas modalidades de tratamento são: medidas comportamentais como aderir a uma alimentação menos pesada durante a noite, evitar o uso de bebidas alcoólicas, substâncias estimulantes e cigarro, psicoterapia, terapias cognitivo-comportamental, técnicas de relaxamento, biofeedback e medicações e tratamento odontológico reparador ou preventivo.